A didática da pronunciação na formação de professores de língua espanhola

No âmbito do ensino-aprendizagem de línguas e tendo por premissa que a linguagem natural é sonora, faz-se necessário alcançar a competência fônica na língua objeto, ou seja, a competência fônica não pode ser tratada a posteriori e sim como um elemento fundamental da competência comunicativa. Considerando-se que uma entonação adequada possibilita a elaboração de um discurso fluido e compreensível o ensino da pronunciação deve ser avaliado como objetivo crucial no processo ensino/ aprendizagem de línguas estrangeiras. Para tanto, faz-se necessário desenvolver estudos que, utilizando os dados obtidos pelas pesquisas relativas à entonação, possibilitem a elaboração de propostas didáticas que melhorem a competência fônica dos brasileiros aprendizes de espanhol como também da via inversa, ou seja, dos hispano falantes aprendizes de português. A pesquisa proposta abarca questões diretamente associadas às práticas que integram e influenciam a vida dos diferentes agentes ligados ao ensino- aprendizagem de línguas, particularmente as relacionadas à formação de professores de idiomas, ensino de língua oral, ensino de línguas e suas questões técnicas e metodológicas dentro e fora da sala de aula. Ditos aspectos estão em consonância com a área de concentração Práticas e Teorias no Ensino-Aprendizagem de Línguas e com a linha de pesquisa Processos Formativos de Professores e Aprendizes de Línguas, justamente pelo fato da didática da língua oral, tanto em termos teóricos quanto práticos, ser parte fundamental de qualquer processo de ensino-aprendizagem de línguas.

Entendemos por competência fônica a capacidade de codificar e decodificar o discurso oral de acordo com as regras fônicas de uma língua. Autores como Llisterri (2003b), Iruela (2004), Bartolí (2005) e Giralt (2006), entre outros, alertam que no ensino da LE a pronunciação continua sendo desatendida e não recebe o tratamento adequado, em especial no âmbito do espanhol para estrangeiros. Cantero (1994) adverte que a maneira de se empregar a abordagem comunicativa não atende a dimensão fônica da comunicação. Diz ainda que apesar de existir certo interesse na pronunciação dos segmentos, não se considera a sua integração na fala. Para ele a entonação é o primeiro fenômeno fônico com que se depara o ouvinte e não considerá-la supõe uma grande contradição com os objetivos comunicativos no ensino.

Considerando o exposto pode-se concluir que o ensino da pronunciação necessita um maior investimento no âmbito da abordagem comunicativa de línguas estrangeiras, além de mais pesquisas específicas. A pesquisa apresentada objetiva interferir na qualidade do ensino-aprendizagem do espanhol como língua estrangeira possibilitando o desenvolvimento da competência fônica do aprendiz e da sua autonomia.